Brasil, o “forão” da
América
Às vezes um erro de grafia, mesmo casual, é
revelador. Isso ocorre no caso do “Brasil, forão da América” que, entre outros deslizes de revisão, adorna
a letra do Hino Nacional que consta dos cadernos escolares distribuídos por uma
prefeitura do interior mineiro, conforme noticiado esta semana.
O fora (“mancada”) aumentativo dado pela secretaria de
Educação de Vespasiano acaba sendo um daqueles achados poéticos que sintetizam
algo maior: no caso, o desdém com que a educação é tratada no Brasil em todos
os níveis de governo, por todos os partidos, em todas as gerações desde que o
Hino Nacional foi composto, pelo menos.
Um desdém
que ameaça deixar nosso país fora – mais do que fora, forão, para forjar um subversivo aumentativo de
advérbio – de qualquer galeria internacional de nações decentes que venha a se
constituir no futuro.
Ou alguém
imagina ser coincidência que, apenas neste mês de abril que mal passou do meio,
uma notícia como a do “forão da América” tenha disputado espaço na imprensa com o Ácre e o Espíritu Santo de uma
cartilha perpetrada no
interior de São Paulo e com a grotesca questão de filosofia baseada no “pensamento” de Valesca Popozuda em Brasília?
Será que, também em relação à educação, o Brasil vai
ficar “deitado eternamente em berço esplêndido”?
veja.abril.com.br
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