Fico preocupado em
perceber como a morte tem sido assistida de forma passiva pela nossa sociedade.
Note quantos acessos são feitos em uma página que registra um homicídio em
relação a uma noticia de outro gênero. O espetáculo de morte tem causado mais
interesse do que o da vida. Augusto Cury, renomado escritor (mas também médico,
psiquiatra e psicoterapeuta) me apresentou através de uma de suas obras um
termo que penso se enquadrar bem no que diz respeito ao perfil dessas pessoas.
O termo utilizado por ele é “psicoadaptação” que é a incapacidade de emoção
humana de reagir na mesma intensidade frente à exposição do mesmo estímulo.
Quando nós expomos a estímulos que nos excitam negativa ou positivamente, com o
tempo perdemos a intensidade de reação emocional. Enfim, nos psicoadaptamos a
eles. Ele ainda cita como exemplo desse fenômeno o fato de muitos soldados
alemães expostos a propaganda nazista assassinarem crianças judias e, em
seguida, irem para casa brincar com seus filhos como se nada não tivesse ocorrido.
Será que perdemos
a sensibilidade diante da constante onda de criminalidade em nossa cidade? Será
que as mortes das pessoas servem apenas como mais um número para as
estatísticas criminais? Será que o fato de não haver nenhuma morte no
noticiário nos entedia?
Há muita gente intrigada com as
previsões do fim do mundo para este ano. Mas a verdade é que para as famílias
que foram vitimadas com a perda de um ente querido, é como se o mundo delas
tivesse acabado naquele momento. Há sempre o mundo de alguém sendo destruído. Será
que eu ou você estamos imunes a essa situação? Penso que não...
Para piorar ainda
mais o quadro, a imagem da policia local foi abalada com a notícia de que
estaria praticando extorsão contra os traficantes. Em nota, o subcomandante
desmente a informação e diz que seria impossível que seus subordinados se
envolvessem com a criminalidade. Olha, de verdade, gostaria demais de acreditar
nessa afirmativa e poder dormir hoje dando graças a Deus pelas palavras do
oficial de polícia. Mas que, quando me deparo com a realidade em meu dia a dia,
fico com uma “pulga atrás da orelha”. Não sei se no caso do Pelopes (Pelotão de Operações Especiais),
mas tem tanta gente que veste a farda de polícia para camuflar sua vida
criminosa que vai desde estar parado nas curvas das ALs (rodovias estaduais)
para receber dez reais de motoristas que estão com alguma irregularidade em seu
veículo, até outras que tenho receio até de mencionar. Mas, se alguém pode
ficar calado (nesse caso, não multar o motorista infrator) por causa de 10
reais, será que faria diferente com propinas que podem chegar a dois, três (ou
mais) mil reais? Outro questionamento que faço é “será o tráfico poderia ser
tão forte como é na atualidade sem a participação de gente poderosa?” Mas, já
estou me calando, é perigoso andar por esse caminho. Mas e você, o que acha?
Vamos combinar o seguinte, vote nas duas enquetes que postamos a partir de
hoje, a primeira é se “você se sente seguro ao andar pelas ruas de São Miguel”
e a segunda “Corrupção policial é ficção ou realidade?” Vote agora, certo?